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Informe
Nacional Brasil: Parte II
I. Visão de
conjunto do setor energético no Brasil
B. Balanço
Energético
Tabela 1: Evolução da Oferta
Interna de Energia no Brasil,
segundo as fontes de energia: 1980-1990-1995.
FONTES DE ENERGIA
|
1000
toneladas equivalentes de petróleo (ktep)
|
|
1980
|
%
|
1990
|
%
|
1995
|
%
|
|
|
|
|
|
|
|
Petróleo
e derivados |
54.319
|
39,1
|
59.382
|
32,8
|
64.892
|
32,6
|
Carvão mineral e derivados |
5.208
|
3,8
|
9.385
|
5,2
|
10.227
|
5,1
|
Gás
natural |
1.078
|
0,8
|
4.147
|
2,3
|
4.997
|
2,5
|
|
|
|
|
|
|
|
Total
combustíveis fósseis |
60.605
|
43,7
|
72.914
|
40,3
|
80.116
|
40,2
|
|
|
|
|
|
|
|
Urânio (U3O8) |
-
|
-
|
-
|
-
|
756
|
0,4
|
|
|
|
|
|
|
|
Hidroeletricidade |
37.383
|
26,9
|
59.945
|
33,1
|
70.446
|
35,4
|
Lenha |
30.695
|
22,1
|
28.180
|
15,6
|
24.110
|
12,1
|
Produtos
da cana-de-açúcar |
9.082
|
6,5
|
17.937
|
9,9
|
21.357
|
10,7
|
Outras fontes primárias |
995
|
0,7
|
2.104
|
1,1
|
3.105
|
1,6
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
138.760
|
100,0
|
181.080
|
100,0
|
199.134
|
100,0
|
Fonte: MME - Balanço Energético Nacional,
1995.
Tabela 2: Evolução do Consumo
total de energia primária no Brasil,
segundo as fontes de energia: 1980-1990-1995
FONTES DE ENERGIA
|
1000
toneladas equivalentes de
petróleo (ktep)
|
|
1980
|
%
|
1990
|
%
|
1995
|
%
|
|
|
|
|
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|
|
Petróleo |
54.319
|
39,1
|
59.382
|
32,8
|
61.687
|
30,9
|
Carvão mineral |
5.208
|
3,8
|
9.385
|
5,2
|
10.355
|
5,2
|
Gás
natural |
1.078
|
0,8
|
4.147
|
2,3
|
5.289
|
2,6
|
|
|
|
|
|
|
|
Total
combustíveis fósseis |
60.605
|
43,7
|
72.914
|
40,3
|
77.331
|
38,7
|
|
|
|
|
|
|
|
Urânio
(U3O8) |
-
|
-
|
-
|
-
|
756
|
0,4
|
|
|
|
|
|
|
|
Hidroeletricidade |
37.383
|
26,9
|
59.945
|
33,1
|
73.620
|
36,8
|
Lenha |
30.695
|
22,1
|
28.180
|
15,6
|
23.414
|
11,7
|
Produtos
da cana-de-açúcar |
9.082
|
6,5
|
17.937
|
9,9
|
21.987
|
11,0
|
Outras fontes primárias |
995
|
0,7
|
2.104
|
1,1
|
2.967
|
1,4
|
|
|
|
|
|
|
|
Total |
138.760
|
100,0
|
181.080
|
100,0
|
199.939
|
100,0
|
Fonte: MME - Balanço Energético Nacional,
1996.
Durante o período 1980-95, o
consumo energético total no Brasil cresceu cerca de
43%. O consumo dos combustíveis fósseis (petróleo,
carvão mineral e gás natural) foi menor, da ordem
de 32%, enquanto que o aumento do consumo de
petróleo não alcançou 20%.
Verifica-se ainda, que a
participação dos combustíveis fósseis no consumo
total de energia primária no Brasil representa
apenas cerca de 40%. Esta participação é
geralmente admitida como uma "posição
confortável" do perfil energético brasileiro
no que diz respeito as emissões de CO 2,
notadamente se comparada com os dados internacionais,
onde os combustíveis fósseis representam 85% do
consumo de energia primária mundial.
Este contexto encontra
explicação na produção de energia elétrica.
Enquanto que, a nível internacional, boa parte do
petróleo, carvão mineral e gás natural são
utilizados como combustíveis nas usinas
termelétricas, no Brasil cerca de 92% da
eletricidade é produzida a partir de aproveitamentos
do potencial hidráulico. A inexpressiva
participação do carvão mineral e do gás natural
na matriz energética brasileira apenas confirma esta
situação.
Muito embora o consumo de
petróleo tenha crescido em termos absolutos ao longo
do período 1980-1995, sua participação relativa no
consumo total decresceu. Uma das causas está na
utilização do etanol enquanto combustível
alternativo a gasolina automotiva, implementada a
partir de novembro/1975 com o Programa Nacional do
Álcool-PROALCOOL. Os dados referentes aos produtos
da cana-de-açúcar, que incluem o etanol (álcool
etílico) e bagaço, indicam um aumento da
participação destas fontes no consumo energético
total.
Por outro lado, a participação
da lenha no consumo total de energia primária
decresceu durante o período 1980-1995, tanto em
termos absolutos como relativos. As causas deste
comportamento podem ser buscadas no decréscimo da
utilização da lenha no consumo doméstico,
basicamente para as necessidades de cocção. No que
diz respeito ao carvão vegetal, considerado fonte
energética secundária obtida através da pirólise
da lenha, em 1980, cerca de 30% da lenha consumida
foi transformada em carvão vegetal. Em 1990, o
carvão vegetal representava 45% da lenha consumida,
embora tenha havido uma diminuição da quantidade
total de lenha consumida. Este quadro se manteve em
1995, quando o setor industrial foi responsável por
90% do consumo de carvão vegetal, utilizado
basicamente como redutor e combustível na produção
do ferro-gusa, do aço e de ferroligas.
Não se pode dizer que o
comportamento do consumo energético brasileiro
durante o período 1980-95 seja o resultado de alguma
política energética formulada de forma integrada.
Em realidade, tratou-se de uma sucessão de planos e
programas, todos eles marcadamente setoriais, abertos
a qualquer pressão de grupos de interesse,
procurando sempre excluir do processo decisório a
população constituída pelos consumidores,
usuários dos bens e serviços energéticos.
Esta forma de se fazer política
energética neste período encontrou nos órgãos de
governo não apenas a sua legitimação como também
uma significativa participação nas atividades de
produção, transporte (p.ex., transmissão de
energia elétrica) e distribuição dos diversos bens
e serviços energéticos. Dessa maneira, ficaram
assegurados vigorosos mecanismos de transferência de
rendas, via privilégios tarifários e subsídios. O
aumento do déficit público também encontrou no
setor energético brasileiro um significativo agente.
O Tesouro Nacional foi várias vezes acionado para
cobrir custos que a política de tarifas praticada
era incapaz de cobrir, ou para garantir recursos para
programas como o PROÁLCOOL, através de empréstimos
rapidamente transformados em dívidas que foram sendo
sistematicamente perdoadas.
O processo de privatização do
Estado sempre encontrou no setor energético
brasileiro uma arena privilegiada. As consequências
deste quadro se fizeram sentir ao longo dos anos
oitenta, com uma série de equívocos, muitos deles
desastrosos, de decisões tomadas na década passada.
São ainda estes equívocos, que tornam limitadas as
possibilidades de sucesso do programa de
privatização que está sendo atualmente
implementado no setor energético brasileiro.
Alguns destes equívocos se
tornaram evidentes como, por exemplo, em 1984, quando
entram em operação as primeiras máquinas das
usinas hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí num
período em que as sobras de eletricidade não
encontravam mercado consumidor, nem mesmo através da
implementação de tarifas especiais. O programa de
incentivo a eletrotermia, outro equívoco deste
período, procurou associar as sobras de eletricidade
com a necessidade de diminuição da dependência
externa ao petróleo. Ou ainda, a venda compulsória
da eletricidade gerada em Itaipu (empreendimento
bi-nacional com o Paraguai), a custos que acabaram
inviabilizando financeiramente as concessionárias
estaduais.
A análise da política
energética brasileira encontra no exame dos dados de
consumo de cada fonte que se segue, maiores
possibilidades de compreensão das questões aqui
preliminarmente indicadas.
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